sábado, 3 de outubro de 2009

Peguei essa do "NÃO DOIS,NÃO UM"

HOMEM COM PEGADA: FORÇA OU PRECISÃO?

Para os rebentos que estão crescendo tendo como referência Fresno (ganhador do VMB 2009) e coisas do tipo, para evitar uma futura epidemia de mulheres mal comidas e a consequente extinção da espécie humana, deixo uma explicação da porrada.



O peso de uma mão firme

Por ter voz fina e mão pequena, eu tive de descobrir outros jeitos de incorporar o vigor masculino. Uma questão de sobrevivência.
Eu não podia mudar o tamanho, a musculação não alterou tanto sua força, mas havia algo que eu poderia variar a qualquer momento: o peso da minha mão. Ao contrário do tamanho, o peso é um atributo relacional, ou seja, se mede em função do corpo tocado. Uma mão pesa quando preenche, diz alguma coisa, e não pesa quando flutua e não diz a que veio. Eis a diferenciação a que se propõe o termo “pegada” – verbete que Barthes ficou devendo no clássico Fragmentos de um discurso amoroso.
Nossa mão tem mil toques, sendo que usamos apenas alguns. Nosso corpo, mil encaixes, e raramente brincamos com tais possibilidades. Ter “pegada” é começar a dizer frases nítidas com os dedos, andar para dentro de um restaurante como se fosse o dono do local – não por orgulho (queixo pra cima), mas porque se sente confortável em qualquer lugar (pés ancorados no chão). Falar como se estivesse tocando, pegar como se estivesse falando.
Ao explorar tais possibilidades, ao variar o peso da mão, descobri que há esperanças para a geração emo – desde que os caras acertem o cabelo, claro. Mais ainda, há esperança para todos os homens certinhos, bonzinhos, bobinhos, sem graça, previsíveis, que existem por aí.
E não pensem que tais homens sejam apenas os fraquinhos. Há inúmeros caras que saem da academia trincando e não sabem como fazer sua namorada pirar durante uma noite ou como avançar profissionalmente na vida. Eles são igualmente frouxos.
Um moleque de 17 anos pode ser um fracote, mas conquista qualquer mulher se tiver condução, precisão, direcionamento, ludicidade e profundidade. Traduzo: uma mão que vai até o outro lado das costas (quase no peito dela, enlaçando totalmente com o braço), um toque sem hesitação, uma malícia cheia de paciência para chegar onde quer, uma atitude que transforma tudo em brincadeira e uma mente que a desafia.
De força, precisamos apenas o suficiente para carregá-las no colo. Aquela imagem do cara entrando no quarto da lua-de-mel com a noiva nos braços deve ter ficado gravada no inconsciente feminino como sinônimo de felicidade eterna, pois algo acontece quando repetimos a cena, mesmo sem fraque e vestido branco.

Troque insegurança por precisão, meias palavras (”Muito legal te conhecer”) por malícia crua (”Você é uma delícia. Sabe que tá fodida hoje na minha mão, né?”), tapa na bunda por tapa na cara, e verá que não é necessário muita força para que uma mulher se sinta conduzida, preenchida, elevada.
O peso de nossa mão não é resultado só de força, mas do vigor generoso, do desejo direcionado sem pés atrás (”Será que ela quer também?”), da energia que guardamos pra explodir, de nossa capacidade de invadir sem perguntar, de entrar sem ser chamado, de pesar sobre ela. Não metemos com um pau, metemos com todo o peso do corpo, avançando, cortando, batendo, abrindo, liberando uma mulher.

"Precisão vale até mesmo para o aspecto mais microscópico da relação: clitóris e ponto G".

"Tem ainda outra brincadeira envolvendo precisão, lâminas, garfos, facas e mulheres: se quiser comer, aprenda antes a cortar".

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