sexta-feira, 9 de abril de 2010

“I’ll be there for you…” Alguém ainda acredita no Bon Jovi? Parte 2

Como fazer o impossível

Andar junto é como andar vendado no meio do deserto. Ou nadar de olhos fechados. Nunca sabemos se o outro está mesmo ao nosso lado.
Por medo de ver, neste exato momento, que o outro não está tão perto assim, fechamos bem os olhos e confiamos em nossos instrumentos de medição, como o sonar de um submarino. A incerteza da distância é mais confortável do que a visão da localização exata. É de olhos fechados que ouvimos e dizemos: “I’ll be there”. O outro nunca esteve aqui, nós nunca estivemos lá, por isso sempre conjugamos o verbo no futuro. Nossa presença é promessa.
Um pouco de coragem e abrimos os olhos. Enxergamos, sem tanto desespero, que às vezes o outro se distancia muito. E que, na verdade, às vezes somos nós que nos afastamos. Ora, afinal quem define qual é o percurso do casal? Como pode apenas um se afastar?
De olhos abertos, o outro não parece capaz de nos salvar. Vemos seu andar meio torto. E suas fraquezas. Nós também não parecemos capazes de realmente estar lá pelo outro. Mal estamos lá por nós mesmos!
De olhos abertos, vemos que todos são como nós. Não há ninguém preparado para nos segurar. Ninguém para nos proteger e cuidar verdadeiramente. O fim dessa ilusão nos abre para a experiência da solidão, cuja tristeza tem a mesma medida da alegria em compartilhar a mesma solidão com os outros. O amor aumenta junto com a solidão. Cada um se sente mais presente, menos lá, mais aqui, e portanto mais irremediavelmente separado um do outro. Nascemos e morremos assim. Não daria para amar diferente.
Reconhecer a liberdade do outro (e a nossa) de ir embora a qualquer momento, amplificar e se comunicar com sua solidão, saber que nunca conseguiremos realmente estar lá; isso é estar lá.
By Não2Não1

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