sábado, 29 de maio de 2010

Tensão, conta afrodisíaca, meditação e outros caminhos para o sexo‏

Muito se fala da troca de olhares sedutores, mas ela é natural se houver uma outra troca de olhares mais constante na relação.
Imagine um gerente que tenha sido vítima de fofocas malignas chegando para coordenar sua equipe. Sem autoridade, diminuído, ele se sente completamente impotente, perdido, incapaz de agir. Eis uma caricatura do que acontece quase diariamente com muitos casais.
Lembro de uma vez ouvir um cara falando todo empolgado da faculdade que estava voltando a fazer. Sua noiva o interrompia minuto a minuto para dizer que aquilo não fazia sentido e (em tom de brincadeira) que seria brochante namorar um calouro. Tais afirmações, de pouco em pouco, terminam por minar a potência do homem e, do outro lado, a vitalidade feminina.
Se a mulher não admirar e não sentir a potência de seu parceiro, ela nunca vai ajoelhar e coordenar cabeça, mãos, lábios e língua para nossa diversão. Se o homem não apreciar e não estimular as qualidades de sua mulher, ele nunca vai realmente sentir vontade de pegá-la no colo e dizer, com a boca cheia, “Eu te amo”.

A tensão que sustenta o sexo

Na música, quando desejamos aumentar a sensação da cabeça do tempo (o “1″), em vez de colocar todos os instrumentos com força nesse ponto, jogamos a intensidade para o contratempo (o “2″). Se você atentar para o surdo do samba, ficará nítido que o “Bum” maior acontece no contratempo. É por causa desse contraste, dessa tensão entre tempo e contratempo que a música fica gostosa. A ênfase no “2″ só valoriza e traz mais à tona o “1″.
Na dança de salão, é a tensão entre as mãos que possibilita a condução. Se a dama não faz um pouco de força contra a mão do parceiro, quando o cavalheiro tenta levá-la para um passo, apenas sua mão se desloca. Se há tensão, o corpo feminino inteiro se move ao mínimo gesto da mão masculina.
Quando um homem não é facilmente fisgado, quando treina a arte da imobilidade, ele propõe uma tensão diante do movimento feminino. Ele não fica no mesmo local, não avança na mesma direção que ela, então ambos se polarizam e magnetizam. É como um strip tease: se ele não aguenta a ansiedade logo nos primeiros minutos e se move, o strip tease acaba; se ele relaxa imóvel, ela começa a dançar e provocar cada vez mais.
Em geral, o homem que propõe pouca tensão em sua relação é justamente o homem que acumula muita tensão interna. É por isso que o orgasmo é visto como uma necessidade e é por isso que ejaculação precoce é mais comum do que imaginamos. Se conseguimos relaxar nessa tensão relacional, se nos opomos de maneira complementar (feminino e masculino como tempo e contratempo), a energia do casal aumenta junto com as possibilidades de brincadeira – na cama e na vida.

A conta afrodisíaca

Afrodisíaco mesmo é pagar a conta. O prato é o de menos.
Pagar a conta (e mil outras coisas, como não ejacular) cria a sensação de débito, não de cobrança. O processo é sutil e pode ocorrer mesmo quando ela paga a conta. Em vez de usarem esse jogo como manipulação, explicitem-no, falem disso entre si, brinquem com esses processos todos pois eles não perdem a força depois de revelados, só ganham mais ludicidade. Solteiros parecem fazer isso (usar a lógica bancária para contabilizar e comparar orgasmos, por exemplo) mais do que casados, infelizmente.
Ela insiste em pagar; ele não aceita a grana de modo algum. Ela espera um avanço dele para rolar sexo; ele diz que o jantar foi sensacional, deixa um chocolate na mão dela e se vai porque precisa trabalhar. Aí ele respira e sente a alegria de ter feito isso, algo muito melhor do que a ansiedade de esperar algo em troca. Ele passa o dia seguinte com esse espírito e depois a encontra ainda com mais presença, energia vital, olhar penetrante.
Com esse movimento sem autocentramento, ele cria uma pergunta dentro dela, um “Como assim?”. E então ela começar a se movimentar, a fazer a energia circular, a imaginar, sonhar, falar, dançar ao seu redor. Como está em débito, ela age.
Podemos experimentar aumentar a sensação de débito ao limite, não deixar que elas paguem. Sem receber, apenas respiramos. E elas dançam mais e mais. Se recebemos, o desnível desaparece e a água repousa. Se há desnível, alguém sempre corre atrás, há rio, movimento, dança. A água nunca para. E então o pagamento vem e uma hora aceitamos. Por que será que criaram a expressão “pagar boquete”?

Meditação como preliminar

Não, não me refiro a Osho, sexo tântrico, DeRose, ioga a dois, nada disso. É claro que melhorar o sexo não é o objetivo da meditação, mas é um efeito inegável.
Menos diálogos internos, mais abertura ao exterior. Menos confusão, mais direcionamento. Menos dispersão, mais energia. Mais compaixão, mais generosidade. Mais sabedoria, menos limitações, regras, crenças e visões estreitas. Junte um corpo com energia a uma mente generosa numa relação livre e me diga o resultado.

Jogos e brincadeiras

Depois de algum tempo, a energia do sexo fica obstruída pela forma, estrutura, logística. É como se ficássemos muito tempo tocando a mesma música: uma hora perdemos o sentido das letras e a vivacidade de cada nota. Como não conseguimos movimentar a energia diretamente (sem forma alguma), focamos na forma e não percebemos quando a energia some.
Um meio hábil poderosíssimo nesse caso é a brincadeira. Explorar outras formas e ver o que acontece, apenas isso. Pode ser algo simples como o jogo dos 11 minutos. Ele fica imóvel por 11 minutos enquanto ela se diverte como quiser, depois ela fica imóvel… Um celular, um gel de massagem e pronto.
By Não2não1

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